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Linguagem Hipermidiática

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Lucia Santaella apresenta o conceito de Hipermídia no prefácio da publicação Psicanálise e História da Cultura, de Bairon e Petry: “Brotando da convergência fenomenológica de todas as linguagens, a hipermídia significa uma síntese inautida da linguagem e pensamento sonoro, visual e verbal com todos os seus desdobramentos e misturas possíveis. Nela estão germinando formas de pensamento heterogêneas, mas ao mesmo tempo semioticamente convergentes e não-lineares, cujas implicações mentais e existenciais, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, estamos apenas começando a apalpar.”

Mas afinal o que é Hipermídia? Esse termo muito usado em uma época pós moderna, nada mais é do que a integração de conteúdos, formas, linguaguens, sons. Ou seja, informação simultânea, tudo junto, ao mesmo tempo. Afinal, em pleno ano de 2010, nada se perde, tudo se acumula. Quanto mais informação melhor. Trata-se de um novo paradigma da informação. Em poucas palavras é um conjunto de meios que permite acesso simultâneo a textos, imagens e sons, destacando a interatividade entre os elementos da mídia, possibilitando um controle pessoal dentro de uma própria criação reconstruída.  O professor e pesquisador do Centro Universitário Senac e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Vicente Gosciola faz uma relação entre o cinema e a hipermídia: “No cinema já houve alguns cineastas, como Eisenstein, que se preocuparam com o que aconteceria com a percepção do espectador depois de ver duas imagens distintas. A hipermídia pode aprender muito com o cinema. Em hipermídia, muitas vezes vários conteúdos aparecem na tela ao mesmo tempo. Mas o que acontece com a interpretação do usuário quanto à comunicação de conteúdos e à narrativa, quando uma tela apresenta simultaneamente dois ou mais conteúdos, é o grande desafio do trabalho de roteirização de hipermídia.”

Como bom cinéfilo, recordo de alguns filmes que possuem relações com a Linguagem Hipermidiática, e assim podemos entender melhor o termo. Entre eles: Efeito Borboleta, 21 gramas, Amnésia, 11:14. Todos, apesar de diferentes, apresentam características hipermidiáticas. Vamos focar em Efeito Borboleta, grande sucesso do cinema. O  filme se  apresenta como Narrativa Multilinear, isto é, apesar do filme não ter ênfase na questão do tempo, sua narrativa não é construída de forma linear, ou seja suas imagens e idéias são apresentadas, seus significados são construídos. Porém, existe um diferencial em Efeito Borboleta, ele não usa recursos de Flashbacks como os demais filmes não lineares, nos quais o espectador vive um acontecimento, volta ao passado e retorna ao ponto onde estava. Quando levado ao passado, o espectador, não se dirige ao futuro novamente, chegando ao ponto onde parou na história, mas é chamado a seguir uma nova linha narrativa, construindo uma espécie de narrativa em forma de rede, pois cada ponto é  fundamental para o desenrolar da história acaba funcionando como um nó que interliga cada uma das linhas narrativas construídas. O filme exige um pensamento que associe idéias, imagens e significados, que se encontram fragmentados. Diversas possibilidades em uma única história. Efeito Borboleta foi um grande sucesso do cinema que criou muita polêmica, e para alguns precisou ser visto mais de uma vez para entende-lo.

Trailer de Efeito Borboleta.

Final Alternativo de Efeito Borboleta.

Final convencional de Efeito Borboleta.